A Páscoa é comemorada diferentemente por judeus e cristãos. Ainda hoje, os judeus se referem à festa pelo seu nome original: Pessach. De origem hebraica, quer dizer “passagem” e deu origem, entre outras, à palavra “Páscoa” em português.
Depois do pôr do sol desta sexta-feira, judeus do mundo todo iniciaram a comemoração de Pessach, festa judaica cuja data se aproxima da Páscoa cristã, comemorada neste domingo, e que lembra a libertação do povo judeu da escravidão no Egito.
A primeira Páscoa aconteceu durante a escravidão dos hebreus no Egito. Originários de Abraão, os hebreus estabeleceram-se em Canaã e, depois de um tempo de seca e falta de alimentos, mudaram-se para o Egito, onde foram escravizados. A libertação dos hebreus foi realizada por Moisés, logo após a execução das dez pragas no Egito, conforme a fé judaica.
Para os cristãos, a Páscoa significa a ressurreição de Jesus Cristo. Durante os 40 dias que precedem à Semana Santa e à Páscoa — período conhecido como Quaresma — os católicos se dedicam à penitência para lembrar os 40 dias passados por Jesus no deserto e os sofrimentos que ele suportou na cruz.
A Páscoa é uma solenidade tão importante que um dia só é pouco. Por essa razão, judeus e cristãos levam oito dias para festejar, respectivamente, a passagem do cativeiro à liberdade e da morte à vida.
Os cristãos marcam a Semana Santa com missas especiais como o lava-pés na quinta-feira e a procissão do enterro na chamada Sexta-Feira Santa, dia em que muitos fiéis evitam comer carne vermelha em respeito à morte de Cristo.
No domingo, muitas famílias celebram a tradição da busca por ovos escondidos, adotada de rituais pagãos. Os ovos de Páscoa se tornaram, com o passar do tempo, um dos símbolos mais conhecidos da data.
Já nós, judeus, não podemos comer nada feito à base de farinha. Macarrão, pizza e lasanha? Nem pensar! Uma iguaria que não pode faltar à mesa é o pão ázimo, feito só de trigo e água, sem fermento. Conhecido como matzá, simboliza a pressa do povo hebreu ao fugir da escravidão no Egito. Durante a Pessach, comemos ervas amargas para lembrar a amargura da escravidão, mas também bebemos vinho para recordar a doçura da liberdade.
Em meio à pandemia de Covid-19, judeus e cristãos vivem momento de angústia e de apreensão global. O temor desconhece limites geográficos, escreve um novo capítulo na história, troca a multiplicação matemática pela progressão geométrica, desafia a química e põe em risco a biologia. O mundo se debruça sobre o remédio para frear o vírus.
A Páscoa pede que tenhamos fé. Então, que tenhamos fé, mas façamos a nossa parte, com solidariedade, empatia, menos ganância, mais justiça e extrema responsabilidade. A vida é o que importa. Não há uma escolha entre economia ou saúde. Só há um caminho: manter as pessoas com vida, e o Estado tem que dar as condições para garantir a economia. É isto o que tem feito o Parlamento. Temos procurado mitigar os efeitos devastadores da pandemia.
Vai passar. Tudo passa nesta vida. Que tenhamos bom ânimo. E que a simbologia pascal, de passagem, de fé e de salvação, esteja presente em todos os corações. Amém! Shalom!
*Davi Alcolumbre é senador do Amapá e presidente do Senado e do Congresso Nacional*